domingo, 24 de abril de 2011

Poesia do pé quebrado

Sabe aqueles dias que você sabe que não deveria ter saído de casa? Pois é, na quinta foi isso. Tava indo encontrar amigas que eu não sabia se queria encontrar para gastar uma grana com cerveja que definitivamente não valeria a pena gastar. Dai que já na saída os céus me mandaram a mensagem e atravessando a rua, virei o pé, tomei o maior tombo na história e torci o tornozelo. Caí no meio da rua mesmo e um cidadão teve me ajudar a me sentar no meio-fio e eu ao invés de agradecer só gritava"Fuuuuck, fuck!!!!!!!!!!!!!", segurando meu pé. Um horror! Não satisfeita, segui andando rumo à cerveja, nem tava doendo muito. Chegando no pub, encontrei as amigas e o lugar tava um saco, tomei a cerveja contrariada pq nem me deixaram terminar e elas queriam sair dali rápido, pq era uma merda etc etc. Rumamos para a casa de outra amiga, andando, o tornozelo começou a doer. Elas decidiram que iriam a uma festa e eu que rumaria para casa. Elas chamaram um mini cab para elas e outro para mim. Ok, pensei, estou do lado de casa e vou pagar uns 7 pounds. No máááá'ximo.

Pois eu entre no taxi, o cara andou dois quarteirões, parou na porta da minha casa e disse: "11 pounds" "Whaaaaaat???". Amigo, cê tá louco eu poderia vir apé, só não vim que meu pé da fudido, quequeisso? Aí o cara ficou insistindo, que era o preço e blábláblá.

Pausa para explicar o conceito de mini cab: seguinte, temos o black cab, o tal taxi clássico londrino, aqueles carros maneiros que vc para no meio da rua e que custam os olhos da cara e tem os mini cabs, que são taxi de cooperativas cujo o preço é pré-combinado antes e normalmente bem mais em conta do que os taxis. Só que tem muito mini cab sem licença e não raro aparece nos jornais histórias de motoristas de mini cab que estupraram e roubaram passageiras. Então, na night, é só black cab. Mas ali estava eu, na noite que claramente eu deveria ter ficado em casa, nas mãos de um motorista de mini cab.

Voltando: Falei para o moço que só tinha 8 pounds (mais pura verdade) e que nunca iria imaginar que seria roubada daquela maneira. Ele insistia de um lado, eu do outro, até que comecei a chorar e abri o berreiro mesmo. "Porra, meu pé tá doendo para caralho, eu nem deveria ter saído de casa, eu nem queria pegar taxi, eu queria ter andando" Enfim, uma ladainha tão mala que o homem mandou eu saltar fora do carro dele.

Cheguei em casa chorando para caralho, subi as escadas de gatinho até meu quarto e meu pé parecia que estava pegando fogo de dor (existe isso?). Sei lá, doía para caralho e eu sou alérgica a todos os remédios então tomei um relaxante muscular que uso para a dor da bacia e botei o pé para cima. Adormeci igual a um bebê e o pé, no meio da madrugada, parou de doer. Pensei que no dia seguinte teria que enfrentar o terrível sistema de saúde público inglês e acho que dormi mais rápido para evitar pensar sobre isso

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