terça-feira, 21 de junho de 2011

Minha celebração

Daí que na última sexta eu terminei a pós. Entreguei de manhã o meu projeto e fui trabalhar. As calhega do curso queriam comemorar mais tarde e eu estava em dúvida se deveria ou não me juntar às loucas.  Quando saí do trabalho chovia e fazia frio (verão de Londres é just sensa), dei uma passada na loja da Apple para checar os e-mails e descobrir o que as moças propunham (pq quem não tem smartphone checa e-mail na loja da Apple quando está na rua).

Gente, a ideia "genial" das gringas era comprar uma camiseta do London College of Fashion (faculdade onde fiz a pós) onde se lê "Better dressed than you since 1906" (oi?) e partir às 17h para um pub crawnling. Ahan, Claudia, senta lá. Olha a minha cara de quem vai gastar 10 libras numa camiseta cafona dessas (onde fica claramente NA CARA de quem usa que essa pessoa não se veste vem bem nem em Londres nem em Nova Iguaçu) e ficar pulando de bar em bar, debaixo de chuva, com um bando de pós-adolescentes histéricas e bêbadas. Não pensei duas vezes, tomei um trem e fui ter com minhas amigas, essas sim pessoas sensatas, uma noite regada à pizza, vinho e clipe dos anos 80 (década que minhas calegas de curso não eram nem nascidas).

Fiquei depois pensando se não era muito esnobismo meu morrer de vergonha alheia sair andando pelas ruas de Londres com um bando loucas usando uma camiseta uó. Mas não, eu tenho certeza que não é um lance de entrar no espírito, é de não se sentir representada ali. Porque eu já saí com um bando de mulheres usando chifrinhos que acendiam numa despedida de solteira. Depois ainda paramos no Clube das Mulheres! Quer dizer, eu sei o que é entrar no espírito, saca? Mas, na boa, "better dressed than you since 1906" me pareceu meio too much. Principalmente se levarmos em conta o modelito que as colhegas desfilam, a massa corrida na cara (que elas chama de maquiagem) e o comportamento galináceo quando bebem. I mean, não orna, entende? Mandei a cláááássica desculpa da dor de barriga e acho que colou.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Esse jeito Jean Charles de ser

Outro dia eu estava no trabalho comendo um sanduíche na escada que dá acesso aos lockers dos funcionários e percebi que tinha uma brasileira falando muito alto (como sói de ser) no celular,  também na escada, mas uns dois andares acima de mim. Mesmo sem querer, comecei a prestar atenção na conversa e pelo sotaque e papo entendi que ela deveria ser do nordeste, deveria ter por volta de 40 anos e que trabalhava na loja como faxineira ou algo que o valha.

Como aqui em Londres só tem imigrante, todas as operadores de celular fazem promoções para ligações internacionais a preços bem ridículos, tipo 2 centavos o minuto e a vida do povo é falar com os colega tudo que ficaram. Pelo que entendi, a moça - vamos chamá-la de Maria – falava com uma amiga que estava no Brasil.

Maria desfiava um rosário sobre as dificuldades que vem passando em terras inglesas. Dizia que se soubesse como seria sua vida aqui teria dito para Jesus (não o Todo Poderoso, mas seu marido) que voltassem no mesmo avião que desembarcaram. O problema, segundo ela, era que Jesus não queria nada com a hora do Brasil e quando o bicho pegava em casa nenhum de seus filhos a apoiavam. E para piorar, Raniel (ou algo que o valha), seu filho mais velho, anunciou que vai sair de casa assim que completar 18 anos. “Porque aqui, comadre, é assim, os filhos saem de casa com 18 anos. Mas eu disse para ele, que ele só sai se arrumar uma mulher para casar”. O medo de Maria é que o moleque saia de casa e vire, sei lá, entregador de pizza, e ela não acha justo, uma vez que a razão dela ter vindo de mala e cuia para Londres era justamente dar uma educação boa para os filhos, para eles serem alguma coisa na vida.

Mas Jesus parece que não se dá bem com o moleque e, sem saco de trabalhar e sustentar ninguém, achou muito bom que ele saia logo de casa. Maria tava muito puta com marido e preocupada que a filha mais nova, de uns 13 anos, que não está muito boa no inglês. ( Claro, numa cidade onde 60% das crianças falam outras línguas como língua principal, não é de espantar). E Maria continua: “Você não sabe o que passei desde que cheguei aqui. Jesus nunca quis trabalhar, já eu venho para o serviço até com febre. Todas as roupas que tínhamos quando chegamos eram doadas e eu que tive que me virar para comprarmos uma TV e um DVD. Rezo toda noite para Jesus (aí sim, o filho do Homem) me ajudar a juntar dinheiro para voltar e comprar uma casa no Brasil”. Enquanto isso, ela revelou, Jesus (o marido) vai fazendo uns bicos aqui e ali.

Nessa altura eu já tinha terminado meu sanduíche há tempos e estava mega entretida naquela conversa e, confesso, meio deprimida. Neguinho é foda, né? Não quero partir para o clichê “homem é foda”, mas essa história me lembrou minha avó. A bichinha casou com meu avô contra toda a família, que dizia que ele era um vagabundo. Ela, coitada, caiu no conto e achou que ele seria um homem melhor quando fossem morar no Brasil.

Resultado, saiu de Portugal brigada com a família, deserdada pelo pai e foi ser pobre no Rio de Janeiro, uma vez que é claro que meu avô não mudou nada. E se o homem não curtia um trabalho em Portugal, o que dirá no Rio, com toda aquela abundância. Durante mais de 50 anos (sim, quase 60 anos disso) a velhinha reclamou do dia que casou com meu avô e foi parar no Brasil. A mágoa era tanta, que nem o fato de eu e minha mãe existirem por conta disso acalmava a velha. Morreu aos 100, reclamando ainda.

Para você ver, e ainda tem gente que reclama de mim...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O assunto proibido

Eu fico meio assim de trazer esse assunto para o blog porque já tenho fama de escatológica e tals, mas é uma questão por demais polêmica para ser deixada de lado. Vamos lá, o peido em Londres é assunto sério. Dito isso tratarei de não usar mais essa palavra horrenda e tentarei eufemismos e similares.

Não sei se vocês estão por dentro, mas aqui em Londres as pessoas "se aliviam" em público sem o menor constrangimento. Menina, é um horror! Coisa de chegar em pub e de repente o ambiente ser tomado por uma catinga misteriosa e ser quase impossível respirar. Teve até o caso clássico do metrô, né? Que de tão absurdo nego achou que era mentira minha, mas saiu no jornal e tudo: um cara mandou uma brasa tão forte que a menina sentada do lado vomitou. Tá? Imagina o que aquele vagão não deveria estar?! Acho que as pessoas deveriam ser pelo menos mais solidárias, metrô é uma estufa, gente! Não pode não pensar nos outros assim, ser tão egoísta.

Outro dia eu estava num parque e senti um cheiro familiar, olhei para o lado e tinha um sujeito abrindo um potinho cheio de ovos cozidos. O snack dele tinha cheiro de podre, aí você pensa que se o negócio já tá entrando errado daquele jeito, imagina quando sair?

Mas aqui é assim e uma amiga conta que até uma conhecida dela que não sente cheiro nenhum (tem problema olfativo mesmo) passou maus bocados quando esteve na cidade.

Acho que tem a ver com os hábitos alimentares, bacon, ovo, cerveja, muito pepino e repolho não resultam num bom blend. Mas ainda assim ainda não saquei a parte da total falta de constrangimento de fazer "isso" em público. Me parece que de tão comum que é todo mundo fica à vontade porque sabe que ninguém vai saber de onde veio mesmo. E tem mulher metida nesse negócio aí também, porque eu já presenciei situações que não tinha escapatória, saca? Tipo, "minha filha, não adianta fazer cara de paisagem porque eu sei que foi você que peidou (oops) nesse vagão"