segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Andar de ônibus

Se uma coisa que me tira do sério aqui no Rio de Janeiro (ok, várias coisas irritantes, mas enfim) é o transporte público. Na real acho que o maior problema é o trânsito em si, não os engarrafamentos, mas a falta de educação dos motoristas. Ia começar falando mal dos ônibus, mas aí lembrei que me irrito deveras com os taxis também. Motorista de táxi é foda, mas acho que é mal universal. Sem dúvida os campões da categoria são os motoristas de ônibus.

Quem anda de ônibus no Rio tem de estar preparado para tudo: ônibus que "passa por fora", motorista que dirige a 140Km/h, a motorista que dirige a 20km/h porque está "fazendo hora", a trocador que dorme, trocador que se recusa a te dar o troco, a trocador que te deixa preso na roleta até ele contar todas as suas moedas, a baratas dentro do veículo, a gritaria de motorista com trocador, a briga do seu motorista de ônibus brigando com o motorista do ônibus ao lado... Enfim, são tantas emoções que não dá nem para numerar, mal consigo eleger qual desses eventos me deixa mais irritada. Mas, tivesse que escolher, diria que há um empate técnico entre o ônibus que "passa por fora" e o motorista que faz hora.

Semana passada estava no Leblon e o trocador estava explicando para o passageiro que agora, com o tal BRS ou BSR, nunca sei, acabou a mamata. Ele dizia: "Antes e agente parava fora do ponto para os passageiros ficarem mais perto de casa, as vezes a gente via um passageiro que já era até amigo do outro lado da rua e ficava esperando ele atravessar para pegar o ônibus, a gente saia da faixa da direita e pegava a da esquerda para ir mais rápido, agora não vai ter mais isso. A gente tinha mais camaradagem, mas acabou".

Olha, pode ser que alguns gostem desse "serviço personalizado", mas eu acho que em prol de uma ordem maior, ok o ônibus não parar fora do ponto, não me esperar atravessar a rua e assim por diante. Tem coisa mais enervante do que você estar atrasado para um compromisso e motorista parar o ônibus no meio da rua para o trocador descer e comprar salgadinho no Fornalha? Ou, para fugir da faixa engarrafada da direita, o motorista abrir a porta para você descer no meio de uma rua com seis pistas?
Mas também não acredito muito nessas mudanças de comportamento repentinas, não. Aliás, alguém sabe me dizer se essas BRS estão funcionando?



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Num tá fácio

Tive de ouvir do pai do meu namorado: "Tá tão bonita assim, mais cheinha". Tá bom pra você? Bom, para quem já ouviu um "temos que cuidar das nossas barrigas" e foi questionada sobre uma possível gravidez no meio de uma matéria numa favela carioca às 2h da madrugada, foi até fofo. Fato é que tive de aceitar a verdade: meu vestido soltinho não estava escondendo nada.

Arrasada pela obesidade, resolvi dar um tapa no visual e fui ter com meu hairstylist (ele não gosta de ser chamado de cabeleireiro). Corto o meu cabelo com a mesma pessoa há sete anos e ele nunca me decepcionou. Ou melhor, até ontem.

Pela primeira vez fui super específica: "não quero muito curto, que assim no meio do pescoço" (isso sou eu sendo específica). Pois ele tascou a tesoura e quando dei por mim estava igual a um playmobil inchado. Quer dizer, além de pobre e gorda, fiquei feia. Agora só falta emburrecer para descaralhar a porra toda. Que ódio! Não bastasse isso, o hairstylisy (eu tb acho cafona escrever isso) ainda cobra uma pequena fortuna. E, na boa, nunca vou entender porque esses "profissionais da beleza" (ui) surtaram e começaram a cobrar preços absurdos por 15 minutos de serviço. O problema é que não dá para viver sem um bom corte, né? Eu bem sei o que foi cortar minha própria franja durante a temporada em Londres, vai por mim, não fica bom. Aí fazer o quê? Aceitar que agora não salva nem mais do pescoço para cima. Tristeza...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A dura realidade

Dizem que quem converte não se diverte, pois eu acho que na atual situação só convertendo para se divertir e não deprimir. Como todo mundo sabe o Rio de Janeiro está proibitivo de tão caro e muitas vezes Londres parece até mais barato que aqui. E, para piorar, voltei para a Cidade Maravilhosa sem um puto no bolso, sem trabalho e cheia de compromissos sociais, claro, querendo matar as saudades dos amigo tudo.

Daí que para modo de não chorar e desesperar com o preço das coisas eu converto tudo. Se gastei R$ 60 num chope com os amigos, penso que ele custou uns 20 pounds e a coisa não fica tão feia assim, sacou? Se caio para trás com o preço do tomate cereja no Zona Sul (R$ 6, que mundo é esse?), mentalizo que o Marlboro Light custa menos de duas libras e acho que estou fazendo um grande negócio (ainda que isso signifique adquirir um câncer, ok).

A única matemática que ainda não consegui equalizar foi quilos adquiridos X atividade social intensa. Que ódio! Se tem uma coisa nessa vida que me arrependo desses meses em Londres foi não ter me matriculado numa academia. Agora já era, a pessoa chega toda trabalhada nas formas arredondadas e com desejo de comer de um tudo: empadão, feijoada, pastel, bolinho de bacalhau, açaí... Só coisinha leve. Aí depois fica com vergonha de ir à praia porque o biquini não cabe mais direito.

Mas tirando isso, juro que não tenho nenhum saudosismo do primeiro mundo. Tô amando esse inverno de 30C e as desgraças que assolam a cidade são as mesmas de quando saí, então... Fora isso, se alguém tiver contato de frila, avisa, tá?



terça-feira, 9 de agosto de 2011

E Londres, hein?

Claro que como tudo aqui vem acompanhado de um gazilhão de perrengue, hoje, na minha última noite aqui, nego resolveu boicotar minha despedida com medo dos pivetes do riot. Eu até entendo o povo com medo de voltar para casa e tals, mas, na boa, qual é a dessa polícia?

Sério, depois nego vem meter o dedo na nossa cara e dizer que o Rio não está preparado para sediar Olimpíadas, mas e Londres? Os riots estão sendo organizados via Blackberry por um bando de pivete que nem arma tem, quer dizer... Cadê o Capitão Nascimento nessa porra? Depois a polícia diz que cogita usar balas de borracha. HAHAHAHA, depois de 3 noites de tumulto, de uma cidade inteira em pânico, eles cogitam tomar uma atitude?

Enfim, caguei para Londres, mas estou revoltada pois estou sem internet em casa, sem comida e sem ninguém. Vai ser bem escroto passar a noite assim, entregue à solidão. Mas tudo bem, amanhã to indo embora e quero mais é que essa cidade aprenda a ser gente grande.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

E chega desse assunto


Outro dia estava, mais uma vez, metida na eterna discussão, Rio X Londres. Esse assunto por si só é uma bobagem, pois não existe comparar as duas cidades. Claro que Londres é incrível e você está no centro do mundo, e tudo (teoricamente) funciona como deveria e o Rio por sua vez é corrupto, violento e muito caro (às vezes mais caro que aqui). Mas isso é chutar cachorro morto.

O sujeito em questão era um amigo de amigo que, cheio de ódio no coração, jurava que para o Rio ele não voltava mesmo, só para visita e olhe lá. Estávamos no parque na ocasião, fazia o maior calor e tudo que eu queria era um mate com biscoito Globo. Aí comecei a lembrar coisas assim que fazem o Rio ser o Rio: cachoeira, mate, biscoito Globo, Ipanema, baixo Gávea, toda a orla da cidade. E ele me solta uma: “mas você não conta, você odeia Londres”. Epa, peraí, oi? Desculpa, mas passei essa impressão? Malzaê, não odeio, não. Existe uma grande diferença entre odiar uma coisa e preferir outra, e foi isso que tentei explicar ao sujeito. Não é que eu odeie Londres, só prefiro o Rio. Ainda que aqui fizesse uma temperatura média de 25C, ainda que meus amigos e família estivessem aqui, ainda que fosse fácil ser jornalista em outro país, ainda assim eu preferiria o Rio. E não é que não enxergue os problemas da cidade, só que não sou deslumbrada a ponto de achar que Londres é o borogodó do universo.

Ele ia dizendo: “no Rio não existe vida cultural”. Discordo, pode não ser como aqui, mas que hay, hay. E outra, acho que se todo mundo que sai da cidade para viver uma experiência na Europa voltasse e aplicasse um pouco do viu e vivenciou por aqui na nossa cidade a gente poderia melhorar esse cenário, não? Acho meio babaca e preguiçoso simplesmente lavar as mãos e sair fora e abandonar  o Rio. Bora tentar fazer algo diferente, cuidar mais da cidade talvez.

Daí continuava: “O Rio é violento e todo mundo vive uma paranóia coletiva com medo”.  Desculpa, mas aqui também. O medo do terrorismo é muito maior aqui do que no Rio. A paranóia inglesa é de longe muito mais chocante. E o engraçado é que, de fato o Rio é muito mais violento, temos muito mais mortes e assaltos do que aqui, mas, ainda assim, o povo aqui vive na eterna histeria.

“O Rio está caro”. Muito, estou até com medo de voltar, mas aqui também não é barato, fato.
“O sistema de transporte não funciona”. Não, é um absurdo. Vou sentir muita saudade disso.
Mas fazer o quê? Ainda não inventaram nenhum lugar melhor.