terça-feira, 5 de abril de 2011

A difícil arte da convivência

Tava agora no metrô voltando para casa depois de umas pints bem felizinha da vida e, de pé, tava olhando um cara, árabe, cortando as unhas sentado. Daí tava pensando, "caralho, neguinho é foda aqui, muito nojento, né? Cortar as unhas assim, na frente de geral, no metrô, porra, espera chegar em casa" 


Ia perdida nesses pensamentos anti-semitas quando um maluco atrás de mim cospe no chão. É, no chão do vagão do metrô! Eu dei um passo à frente, de nojo, e vem um cara,  sentado meio que na minha diagonal, levanta, cola o rosto com o maluco do cuspe "did you just spit on the floor?". Caraca, deu gosto. Torci para um barraco, para começar a galera do deixa disso, mas nem rolou. Mas o cara continuou gritando "don't spit on the floor, man!"e gritou alto mais umas vezes na cara do árabe e -  acho que deu uns empurrões -  e voltou para o lugar. Eu, que estava meio de costas, curti horrores. Fosse no Brasil ia puxar assunto com a velhinha mais próxima e mandar "é, mesmo, tá certo"essa coisa que todo velho gosta de falar na fila quando os outros já compram a briga.


Mas pô, o ingles tava certo. Na boa, eu devo estar ficando meio racista desde que vim morar aqui, mas é foda. Quando tem gente fazendo merda, é sempre imigrante. Joga lixo na rua, cospe no chão, fala merda, emporcalha as paradas. Eu, fosse o inglês ia ficar puto também. Quer vir morar aqui, vem, mas respeita, né?


Eu moro em Mile End, que ao mesmo tempo que é um bairro árabe, dominado pelos muçulmanos (aqui os ingleses se referem a eles como asians. No Brasil asians é oriental, mas enfim) e ao mesmo tempo é um bairro cockney, do proletariado roots londrino, com aquele sotaque forte. Daí imagina: os cockneys são putos porque os imigrantes roubaram os empregos dele, mas ao mesmo tempo, os imigrantes dominaram o o bairro, mas ao mesmo tempo a juventude hipster escolheu o East End como o lugar dos descolados. Ou seja, moro numa guerra civil, numa miscelânia de informação onde todos convivem bem até alguém cuspir no chão. 


Porque na verdade ninguém se ama nessa merda. Meu vizinho, que é muçulmano, passa na porta na frente da mulher e do filho e nem segura a porta para eles. Acho escroto. Ao mesmo tempo ele deve achar que eu sou uma puta porque não uso véu e chego em casa bêbada... e a vida segue assim. Até alguém cuspir no chão.

2 comentários:

Mary Plu disse...

Axei o seu blog de forma mais aleatoria possivel..digitei vida dificil...lol adoro as proezas da internet XD

Mas realmente eu ia fikar p da vida se visse qualquer pessoa agindo de forma porca e principalmente se alguem nao fosse do meu pais. Aki no Brasil ja eh uma grande latona de lixo as ruas e ja fiko bolada quando vejo..imagina se fosse num lugar onde as pessoas tentam manter a limpeza! afe!!!!

bjinhusss

Aline Maranhão disse...

Sabe que quando fui pra Europa tive essa mesma impressão? Achei os árabes fedidos, e os africanos super mal-educados e agressivos. Perdemos uma conexão em Lisboa que partiria para Paris, e na fila para sermos realocados tinha toda uma tribo africana atrás de nós que ficava literalmente nos encoxando pra que saíssimos da frente deles.
Quando conto isso aqui no Brasil me olham como se fosse Hitler, mas não sabem como é...