E não é que o merdinha do flatmate deu a volta em mim? Eu crente que ele tinha posto a japinha dele para lavar o banheiro e era tudo mentira?! Tipo um encenação para mim? Ela gritou alto para ele que ia ensila-lo a lavar o banheiro, mas não passou disso.
Mermão, tô há quase três semanas enchendo a porra do saco do péla-saco para ele limpar a porra do banheiro e ele se faz de imbecil. Eu já até limpei na frente dele para provar que a mão não caía. Essa semana fui fofa e falei que limparia a cozinha e ele, por favor, limparia o banheiro. E sabe o que o puto respondeu? "Ah, ok, thanks". Thanks? Pq, por ser sua babá? Cara, fiquei tão puta!!!!!!!! Porque isso foi há 3 dias!!! Aí hoje vou tomar banho e a banheira/chuveiro tá cheia de cabelo da Samara (a namorada dele que não se chama Samara e nem é japa, mas dá igual pq ela é da Malásia e eu tô me lixando para isso).
Ok, declarei guerra. Gosta de viver na merda? Então beleza. Adotei a postura "deixa a merda aí" e quando eu digo merda, meus amigos, é merda mesmo. Vou deixar merda boiando no banheiro, panela suja na pia, pentelho no sabonete alheio, calcinha secando na sala e por aí vai. Ué, quem limpa tudo não sou mesmo? Então é isso aí.
Ó, semana que vem festinha aqui em casa, não se acanhe, vem fazer merda aqui, é bom, é gostoso, é de graça. Se tiver de bobeira em Londres...
sábado, 30 de abril de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Isso aqui é Brasil
Ontem foi mais uma daquelas noites que não era para eu ter saído, mas como era um programa com as meninas da pós que eu nunca vejo, nunca vou nas paradas que elas combinam, fui lá no tal pub que elas estavam. Obviamente bebi para caralho e obviamente no fim do noite estava sem um puto.
Sem grana e sem saúde para rumar para o seguinte bar, rumei para o ponto de ônibus mais parto. Claro que assim que eu cheguei no ponto o ônibus tinha acabado de passar. Ok, só esperar 20 minutos, 3h20, até o próximo. Só que o lugar tava sinistrinho, àquela hora da madruga não tinha ninguém por perto e quando aparecia alguém era um alguém bem sinistro. Resolvi ficar andando até a esquina e voltando, para dar a impressão que estava procurando alguma coisa, sei lá. Numa dessas, dois caras param no ponto. Dois caras estranhos, devo dizer. Avistei um cara com aparência confiável lááá na esquina, não tive dúvidas, acenei e fui até ele. Ele tava comendo um sanduíche não entendeu nada quando percebeu que não me conhecia: "Pô, foi mal, não te conheço, não, mas estava ali no ponto de ônibus e achei aqueles caras estranhos aí vou fingir que sou sua amiga tá?"
Ele me olhou muito desconfiado e mandou eu ficar tranquila que a cidade está cheia de câmeras espalhadas e que eu iria ficar bem e agora dá licença porque eu vou encontrar minha namorada. Olhei de volta para o ponto e os tais caras tinham ido embora. Resolvi ficar andando que nem uma louca para cima e para baixo, atrevessando a rua e fingindo ligar para alguém. Quem olhasse de fora certamente pensaria que eu estava altamente drogada e tendo alucinações de perseguição. Mais doida que o Bruno Gagliasso naquela novela que ele fazia papel de maluco.
Nisso passaram os vinte minutos e vi lá da esquina o ônibus chegando, olhei para o ponto e tinham outros dois sujeitos estranhos lá. Vim correndo da esquina, e alcancei o ponto bem na hora que o ônibus parou. Entrei na frente dos dois sujeitos, paguei e fui me sentar no meio dos hispters, jovens e descolados, que lotavam o N8. Porque em East London é assim, qualquer hora da madrugada os ônibus estão lotados de dickheads, muito coloridos, muito mudernos, muito bêbados e muito novos.
Nisso eu notei que o ônibus ainda estava parado e que os dois caras estranhos que entraram depois de mim estavam discutindo alguma coisa com o motorista. Aparentemente eles não tinham dinheiro para a passagem. Só ouvi um deles gritar com o motorista: "You're very stressed (oi, vc quem tá gritando?), you should go home and fuck your wife!". Nisso eles desceram do ônibus e o motorista fechou a porta na cara deles. Daí, só ouvi um barulho: o cara que gritou deu um chute na porta, que se espatifou no chão em mil caquinhos e os dois saíram correndo pela rua.
Geral bolado, o motorista sai da cabine e manda todo mundo descer e esperar o próximo lotação porque ele teria de ir para a garagem. Caraca! É sério isso? Mais vinte minutos nesse ponto?! Pelo menos agora era uma galera mega reunida no ponto. E as pessoas desciam do ônibus muito putas e mandavam um "thanks a lot"para o piloto como se a culpa fosse dele de um filho da puta ter chutado a porra da porta. Fiquei com pena do piloto. Bom, nessa altura já eram quase 3h30 e já que teríamos de ficar ali pelo menos mais vinte minutos, tratei de garrar coleguismo com ma francesa que estava do meu lado e um indiano (que pode ser de outro país, mas achei que tinha cara de indiano). Comecei a enrolar um cigarro e a francesa pediu um, daí o indiano imitão pediu outro. Cedi um para a francesa e o restinho do meu tabaco para o cara e avisei: "sorry, acabou o filtro, vai ter que fumar sem mesmo". Aí não é que o cara me vira com uma "ah, mas eu queria um filtro"....
"Mermão, eu não queria estar aqui e não queria dividir meu resto de tabaco com vocês, então bora baixar as expectativas porque tá ruim pra todo mundo".
Eis que surge o novo ônibus e geral entra. De repente começa uma discussão, aparentemente uma menina se recusa a pagar novamente pela passagem pois gastou a grana no tal fatídico primeiro ônibus. Nessa hora eu rezei e falei alto: "please, not again". Aí o cara do meu lado manda: "Cara, tá tipo aquele filme "o dia da marmota". Ri alto, ri para não chorar, sério, aquilo não tava mais maneiro. Graças ao bom Deus a menina entrou e o ônibus seguiu caminho.
Mas eu juro, nunca mais saio sem o dinheiro do táxi. Nem que isso me custe o orçamento da semana
Sem grana e sem saúde para rumar para o seguinte bar, rumei para o ponto de ônibus mais parto. Claro que assim que eu cheguei no ponto o ônibus tinha acabado de passar. Ok, só esperar 20 minutos, 3h20, até o próximo. Só que o lugar tava sinistrinho, àquela hora da madruga não tinha ninguém por perto e quando aparecia alguém era um alguém bem sinistro. Resolvi ficar andando até a esquina e voltando, para dar a impressão que estava procurando alguma coisa, sei lá. Numa dessas, dois caras param no ponto. Dois caras estranhos, devo dizer. Avistei um cara com aparência confiável lááá na esquina, não tive dúvidas, acenei e fui até ele. Ele tava comendo um sanduíche não entendeu nada quando percebeu que não me conhecia: "Pô, foi mal, não te conheço, não, mas estava ali no ponto de ônibus e achei aqueles caras estranhos aí vou fingir que sou sua amiga tá?"
Ele me olhou muito desconfiado e mandou eu ficar tranquila que a cidade está cheia de câmeras espalhadas e que eu iria ficar bem e agora dá licença porque eu vou encontrar minha namorada. Olhei de volta para o ponto e os tais caras tinham ido embora. Resolvi ficar andando que nem uma louca para cima e para baixo, atrevessando a rua e fingindo ligar para alguém. Quem olhasse de fora certamente pensaria que eu estava altamente drogada e tendo alucinações de perseguição. Mais doida que o Bruno Gagliasso naquela novela que ele fazia papel de maluco.
Nisso passaram os vinte minutos e vi lá da esquina o ônibus chegando, olhei para o ponto e tinham outros dois sujeitos estranhos lá. Vim correndo da esquina, e alcancei o ponto bem na hora que o ônibus parou. Entrei na frente dos dois sujeitos, paguei e fui me sentar no meio dos hispters, jovens e descolados, que lotavam o N8. Porque em East London é assim, qualquer hora da madrugada os ônibus estão lotados de dickheads, muito coloridos, muito mudernos, muito bêbados e muito novos.
Nisso eu notei que o ônibus ainda estava parado e que os dois caras estranhos que entraram depois de mim estavam discutindo alguma coisa com o motorista. Aparentemente eles não tinham dinheiro para a passagem. Só ouvi um deles gritar com o motorista: "You're very stressed (oi, vc quem tá gritando?), you should go home and fuck your wife!". Nisso eles desceram do ônibus e o motorista fechou a porta na cara deles. Daí, só ouvi um barulho: o cara que gritou deu um chute na porta, que se espatifou no chão em mil caquinhos e os dois saíram correndo pela rua.
Geral bolado, o motorista sai da cabine e manda todo mundo descer e esperar o próximo lotação porque ele teria de ir para a garagem. Caraca! É sério isso? Mais vinte minutos nesse ponto?! Pelo menos agora era uma galera mega reunida no ponto. E as pessoas desciam do ônibus muito putas e mandavam um "thanks a lot"para o piloto como se a culpa fosse dele de um filho da puta ter chutado a porra da porta. Fiquei com pena do piloto. Bom, nessa altura já eram quase 3h30 e já que teríamos de ficar ali pelo menos mais vinte minutos, tratei de garrar coleguismo com ma francesa que estava do meu lado e um indiano (que pode ser de outro país, mas achei que tinha cara de indiano). Comecei a enrolar um cigarro e a francesa pediu um, daí o indiano imitão pediu outro. Cedi um para a francesa e o restinho do meu tabaco para o cara e avisei: "sorry, acabou o filtro, vai ter que fumar sem mesmo". Aí não é que o cara me vira com uma "ah, mas eu queria um filtro"....
"Mermão, eu não queria estar aqui e não queria dividir meu resto de tabaco com vocês, então bora baixar as expectativas porque tá ruim pra todo mundo".
Eis que surge o novo ônibus e geral entra. De repente começa uma discussão, aparentemente uma menina se recusa a pagar novamente pela passagem pois gastou a grana no tal fatídico primeiro ônibus. Nessa hora eu rezei e falei alto: "please, not again". Aí o cara do meu lado manda: "Cara, tá tipo aquele filme "o dia da marmota". Ri alto, ri para não chorar, sério, aquilo não tava mais maneiro. Graças ao bom Deus a menina entrou e o ônibus seguiu caminho.
Mas eu juro, nunca mais saio sem o dinheiro do táxi. Nem que isso me custe o orçamento da semana
terça-feira, 26 de abril de 2011
Mandando o calling sick
Aí a pessoa acorda com o pé torcido sem conseguir encostá-lo no chão e liga para o trabalho avisando que não vai rolar de ficar 8h em pé vendendo produto de beleza para peruas desocupadas. O chefe atende e depois de ouvir todo meu drama ele manda:"ok, enjoy the sunny day". Me deu uma revolta, sabe? Como assim "nejoy the sunny day" num acabei de contar o maior drama do século? Não falei que estou a caminho do hospital e que mandarei notícias fresquinhas contando tin tin pot tin tin tudo que o doutor falou?
Depois eu me toquei que realmente no dia que Londres marcou incríveis 28C, o dia mais quente de uma primavera londrina em décadas (e sério, nunca antes na história deste país houve um dia tão quente em abril), no meio de um feriadão histórico a pessoa manda um calling sick é ruim de engolir mesmo. Dei um desconto e parti mancandinha para o Royal London Hospital, que apesar do nome pomposo fica em Whitechapel um dos bairros mais horríveis desta cidade. Mals aê o prconceito, mas é cheio de gente feia, pqp!
Menina, o hospital tava mais quente que Bangu no verão sem os ventiladores de respingo. Zente, como um hospital não tem ar condicionado? Senti vários vírus e bactérias se proliferando ali. Daí cheguei na fila dos pequenos traumas no meio de 800 burcas e árabes maletas que ficam colados em vc na fila (gente, nunca vi uma coisa assim, esse povo adora um calor humano). Estava tensa porque ainda não sou registrada num GP aqui e sabia que isso poderia dar a maior merda, mas a mulher só perguntou meu endereço e eu disse que era estudante e ela pareceu ficar satisfeita com essa resposta.
Fui para o banquinho esperar minha vez de ser atendida e surpreendentemente foi chamada em 15 minutos. O médico olhou meu pé, virou, mexeu aqui e ali e mandou: "olha, tem nada, não. É negócio de esperar passar e tomar alguma coisa para dor, caso doa". Ele perguntou se eu tinha alergia a algum medicamento e quando viu a extensão da lista tomou um susto e perguntou por que eu era alérgica a tanta coisa (eu hein). Respondi que não sabia e ele me mandou o clássico paracentamol. Fiquei muito emocionada quando ele disse isso, pois sempre soube ser um clássico tratamento da medicina inglesa. Serve para tudo, de apentidicite à infecão urinária.
Devidamente medicada rumei de volta para casa. E não é que o maldito pé ficou bonzinho na mesma hora? Juro! Aí pensei, já que levei a fama, vou deitar na cama, pq não um passeio e piquenique no parque nesse amazing sunny day, né não?
Depois eu me toquei que realmente no dia que Londres marcou incríveis 28C, o dia mais quente de uma primavera londrina em décadas (e sério, nunca antes na história deste país houve um dia tão quente em abril), no meio de um feriadão histórico a pessoa manda um calling sick é ruim de engolir mesmo. Dei um desconto e parti mancandinha para o Royal London Hospital, que apesar do nome pomposo fica em Whitechapel um dos bairros mais horríveis desta cidade. Mals aê o prconceito, mas é cheio de gente feia, pqp!
Menina, o hospital tava mais quente que Bangu no verão sem os ventiladores de respingo. Zente, como um hospital não tem ar condicionado? Senti vários vírus e bactérias se proliferando ali. Daí cheguei na fila dos pequenos traumas no meio de 800 burcas e árabes maletas que ficam colados em vc na fila (gente, nunca vi uma coisa assim, esse povo adora um calor humano). Estava tensa porque ainda não sou registrada num GP aqui e sabia que isso poderia dar a maior merda, mas a mulher só perguntou meu endereço e eu disse que era estudante e ela pareceu ficar satisfeita com essa resposta.
Fui para o banquinho esperar minha vez de ser atendida e surpreendentemente foi chamada em 15 minutos. O médico olhou meu pé, virou, mexeu aqui e ali e mandou: "olha, tem nada, não. É negócio de esperar passar e tomar alguma coisa para dor, caso doa". Ele perguntou se eu tinha alergia a algum medicamento e quando viu a extensão da lista tomou um susto e perguntou por que eu era alérgica a tanta coisa (eu hein). Respondi que não sabia e ele me mandou o clássico paracentamol. Fiquei muito emocionada quando ele disse isso, pois sempre soube ser um clássico tratamento da medicina inglesa. Serve para tudo, de apentidicite à infecão urinária.
Devidamente medicada rumei de volta para casa. E não é que o maldito pé ficou bonzinho na mesma hora? Juro! Aí pensei, já que levei a fama, vou deitar na cama, pq não um passeio e piquenique no parque nesse amazing sunny day, né não?
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Pelo direito de reclamar
Correndo o risco de soar repetitiva e chata, veio por meio deste post levantar minha bandeira em prol da liberdade de reclamar. Muita gente que lê esse blog e meus posts no Facebook depois vêm falar comigo que eu reclamo demais, sou resmungona e "poxa, mas você está em Londres, aproveita". Olha, numa boa, sem querer ofender, eu queria pedir para todos vocês irem passear, plantar alfafa, e outros eufemismos.
Tudo bem, agora tá rolando um veranico, a grana tá entrando (de leves, mas rola tomar umas cervejas no pub), estou instalada, os amigos estão vindo visitar etc. Mas no começo tava uma merda, se vocês querem saber. Eu queria voltar para o Rio todo santo dia, tinha crise de choro, engordei enchendo a cara de chocolate, enfim. Cheguei no meio de um frio do caralho, sozinha, sem amigos, sem namorado (que deixei no Brasil), sem grana, tendo que procurar trabalho e lugar para morar. Passei mil perrengues (vários relatados aqui no blog, pode dar uma procurada caso se interesse) e a único lugar para desabafar era aqui, no FB e via skype com amigos e família. Então meus queridos, "para de reclamar" é o caralho, porque se tem uma coisa nessa vida que é de graça até aqui em Londres é isso. Eu reclamo mesmo, ok? Sou portuguesa, venho de uma linhagem de gente chata para caraleo que adora resmungar e neguinho só lê essa merda aqui porque eu me fodo para cacete nessa cidade e depois conto tudo aqui.
Essa inglesada é chata mesmo, essas meninas têm a voz insuportável, eu não tenho grana para comprar meu cacarecos nem na H&M, minhas colegas são um bando de histéricas, essa porcaria de tempo não ajuda (na maioria das vezes), portanto me dou o direito de reclamar, sim! E se você acha que Londres é o país dos Moranqguinhos, sugiro chegar aqui em novembro, num clima bem escroto, com mil libras na carteira e sem lugar para morar e nem emprego, mas ó, não vale me ligar, não, tá?
E tenho dito!
Tudo bem, agora tá rolando um veranico, a grana tá entrando (de leves, mas rola tomar umas cervejas no pub), estou instalada, os amigos estão vindo visitar etc. Mas no começo tava uma merda, se vocês querem saber. Eu queria voltar para o Rio todo santo dia, tinha crise de choro, engordei enchendo a cara de chocolate, enfim. Cheguei no meio de um frio do caralho, sozinha, sem amigos, sem namorado (que deixei no Brasil), sem grana, tendo que procurar trabalho e lugar para morar. Passei mil perrengues (vários relatados aqui no blog, pode dar uma procurada caso se interesse) e a único lugar para desabafar era aqui, no FB e via skype com amigos e família. Então meus queridos, "para de reclamar" é o caralho, porque se tem uma coisa nessa vida que é de graça até aqui em Londres é isso. Eu reclamo mesmo, ok? Sou portuguesa, venho de uma linhagem de gente chata para caraleo que adora resmungar e neguinho só lê essa merda aqui porque eu me fodo para cacete nessa cidade e depois conto tudo aqui.
Essa inglesada é chata mesmo, essas meninas têm a voz insuportável, eu não tenho grana para comprar meu cacarecos nem na H&M, minhas colegas são um bando de histéricas, essa porcaria de tempo não ajuda (na maioria das vezes), portanto me dou o direito de reclamar, sim! E se você acha que Londres é o país dos Moranqguinhos, sugiro chegar aqui em novembro, num clima bem escroto, com mil libras na carteira e sem lugar para morar e nem emprego, mas ó, não vale me ligar, não, tá?
E tenho dito!
domingo, 24 de abril de 2011
Poesia do pé quebrado
Sabe aqueles dias que você sabe que não deveria ter saído de casa? Pois é, na quinta foi isso. Tava indo encontrar amigas que eu não sabia se queria encontrar para gastar uma grana com cerveja que definitivamente não valeria a pena gastar. Dai que já na saída os céus me mandaram a mensagem e atravessando a rua, virei o pé, tomei o maior tombo na história e torci o tornozelo. Caí no meio da rua mesmo e um cidadão teve me ajudar a me sentar no meio-fio e eu ao invés de agradecer só gritava"Fuuuuck, fuck!!!!!!!!!!!!!", segurando meu pé. Um horror! Não satisfeita, segui andando rumo à cerveja, nem tava doendo muito. Chegando no pub, encontrei as amigas e o lugar tava um saco, tomei a cerveja contrariada pq nem me deixaram terminar e elas queriam sair dali rápido, pq era uma merda etc etc. Rumamos para a casa de outra amiga, andando, o tornozelo começou a doer. Elas decidiram que iriam a uma festa e eu que rumaria para casa. Elas chamaram um mini cab para elas e outro para mim. Ok, pensei, estou do lado de casa e vou pagar uns 7 pounds. No máááá'ximo.
Pois eu entre no taxi, o cara andou dois quarteirões, parou na porta da minha casa e disse: "11 pounds" "Whaaaaaat???". Amigo, cê tá louco eu poderia vir apé, só não vim que meu pé da fudido, quequeisso? Aí o cara ficou insistindo, que era o preço e blábláblá.
Pausa para explicar o conceito de mini cab: seguinte, temos o black cab, o tal taxi clássico londrino, aqueles carros maneiros que vc para no meio da rua e que custam os olhos da cara e tem os mini cabs, que são taxi de cooperativas cujo o preço é pré-combinado antes e normalmente bem mais em conta do que os taxis. Só que tem muito mini cab sem licença e não raro aparece nos jornais histórias de motoristas de mini cab que estupraram e roubaram passageiras. Então, na night, é só black cab. Mas ali estava eu, na noite que claramente eu deveria ter ficado em casa, nas mãos de um motorista de mini cab.
Voltando: Falei para o moço que só tinha 8 pounds (mais pura verdade) e que nunca iria imaginar que seria roubada daquela maneira. Ele insistia de um lado, eu do outro, até que comecei a chorar e abri o berreiro mesmo. "Porra, meu pé tá doendo para caralho, eu nem deveria ter saído de casa, eu nem queria pegar taxi, eu queria ter andando" Enfim, uma ladainha tão mala que o homem mandou eu saltar fora do carro dele.
Cheguei em casa chorando para caralho, subi as escadas de gatinho até meu quarto e meu pé parecia que estava pegando fogo de dor (existe isso?). Sei lá, doía para caralho e eu sou alérgica a todos os remédios então tomei um relaxante muscular que uso para a dor da bacia e botei o pé para cima. Adormeci igual a um bebê e o pé, no meio da madrugada, parou de doer. Pensei que no dia seguinte teria que enfrentar o terrível sistema de saúde público inglês e acho que dormi mais rápido para evitar pensar sobre isso
Pois eu entre no taxi, o cara andou dois quarteirões, parou na porta da minha casa e disse: "11 pounds" "Whaaaaaat???". Amigo, cê tá louco eu poderia vir apé, só não vim que meu pé da fudido, quequeisso? Aí o cara ficou insistindo, que era o preço e blábláblá.
Pausa para explicar o conceito de mini cab: seguinte, temos o black cab, o tal taxi clássico londrino, aqueles carros maneiros que vc para no meio da rua e que custam os olhos da cara e tem os mini cabs, que são taxi de cooperativas cujo o preço é pré-combinado antes e normalmente bem mais em conta do que os taxis. Só que tem muito mini cab sem licença e não raro aparece nos jornais histórias de motoristas de mini cab que estupraram e roubaram passageiras. Então, na night, é só black cab. Mas ali estava eu, na noite que claramente eu deveria ter ficado em casa, nas mãos de um motorista de mini cab.
Voltando: Falei para o moço que só tinha 8 pounds (mais pura verdade) e que nunca iria imaginar que seria roubada daquela maneira. Ele insistia de um lado, eu do outro, até que comecei a chorar e abri o berreiro mesmo. "Porra, meu pé tá doendo para caralho, eu nem deveria ter saído de casa, eu nem queria pegar taxi, eu queria ter andando" Enfim, uma ladainha tão mala que o homem mandou eu saltar fora do carro dele.
Cheguei em casa chorando para caralho, subi as escadas de gatinho até meu quarto e meu pé parecia que estava pegando fogo de dor (existe isso?). Sei lá, doía para caralho e eu sou alérgica a todos os remédios então tomei um relaxante muscular que uso para a dor da bacia e botei o pé para cima. Adormeci igual a um bebê e o pé, no meio da madrugada, parou de doer. Pensei que no dia seguinte teria que enfrentar o terrível sistema de saúde público inglês e acho que dormi mais rápido para evitar pensar sobre isso
domingo, 17 de abril de 2011
O "drama" do Nuvaring
Tem uma amiga que acha a maior graça do universo o meu pedido para os amigos que vêm para Londres: uma caixa de Nuvaring. Primeiro vem a pergunta: "Nuva o quê?", em seguida: "é só chegar na farmácia e pedir? Eles sabem o que é?"
Sim, vende na farmácia, é muito fácil de achar e é o meu método anticoncepcional.
A pessoa vai lá compra e depois me fala: "tá dizendo 'anel vaginal' na caixa, é isso mesmo?". Sim, é isso. Eu não posso tomar pílula e optei por um método mais "intenso".
"Olha, comprei, mas o cara disse que é para deixar na geladeira, precisa?" Não, não precisa a não ser que você pretenda passar uns dias no Saara antes de vir aqui.
Bueno, depois de 800 e-mails trocados com tudo explicadinho a pessoa vai lá, compra e chega em Londres com o dito cujo. Aí liga, diz que chegou e combinamos de encontrar: "Ó, não esquece o Nuvaring!"
Aí rola desencontro e ligo para a tal amiga e comento aflita que preciso encontrar logo o fulano para pegar o Nuvaring, que ele trouxe, e bláblablá. E ela morre de rir, "cara, você e esse eterno Nuvaring, parece piada, todo mês é a mesma coisa".
Mas gente, eu fico menstruada todo mês, né? Ainda bem! E ainda bem que o fluxo de turistas amigos está intenso, porque pedir anel vaginal para desconhecido é meio chato. Já fiz, mas é meio chato.
Além disso, o que mais eu poderia pedir? Cachaça? Marlboro Light? Remédio dessa o encarregado da encomenda com um sentimento maior de responsabilidade e dá até uma importância maior à pessoa, né? "Ela me pediu para eu levar o remédio dela, seu anel vaginal, isso significa que ela confia em mim". E é verdade, não é algo que se peça à qualquer um, como eu disse, fica chato.
Então galera, já sabe, né? Se tiver alguém vindo...
Sim, vende na farmácia, é muito fácil de achar e é o meu método anticoncepcional.
A pessoa vai lá compra e depois me fala: "tá dizendo 'anel vaginal' na caixa, é isso mesmo?". Sim, é isso. Eu não posso tomar pílula e optei por um método mais "intenso".
"Olha, comprei, mas o cara disse que é para deixar na geladeira, precisa?" Não, não precisa a não ser que você pretenda passar uns dias no Saara antes de vir aqui.
Bueno, depois de 800 e-mails trocados com tudo explicadinho a pessoa vai lá, compra e chega em Londres com o dito cujo. Aí liga, diz que chegou e combinamos de encontrar: "Ó, não esquece o Nuvaring!"
Aí rola desencontro e ligo para a tal amiga e comento aflita que preciso encontrar logo o fulano para pegar o Nuvaring, que ele trouxe, e bláblablá. E ela morre de rir, "cara, você e esse eterno Nuvaring, parece piada, todo mês é a mesma coisa".
Mas gente, eu fico menstruada todo mês, né? Ainda bem! E ainda bem que o fluxo de turistas amigos está intenso, porque pedir anel vaginal para desconhecido é meio chato. Já fiz, mas é meio chato.
Além disso, o que mais eu poderia pedir? Cachaça? Marlboro Light? Remédio dessa o encarregado da encomenda com um sentimento maior de responsabilidade e dá até uma importância maior à pessoa, né? "Ela me pediu para eu levar o remédio dela, seu anel vaginal, isso significa que ela confia em mim". E é verdade, não é algo que se peça à qualquer um, como eu disse, fica chato.
Então galera, já sabe, né? Se tiver alguém vindo...
quinta-feira, 14 de abril de 2011
De repente 30
Hoje é meu aniversário, faço 30 anos e ainda não tenho opinião formada sobe o assunto. Quando eu era mais nova eu achava que casaria aos 26, teria filho aos 27 e aos 30 estaria super bem estabelecida em minha carreira, possivelmente sendo chefe de alguém e com um estagiário para servir de esparro.
Bom, basta dizer que não casei, não tenho filhos e no momento vendo maquiagem numa loja de departamento. Claro, claro (antes que me joguem pedras), eu estou em Londres cursando a pós-graduação de jornalismo de moda e comportamento mais foda do mundo. Eu sei...
Mas é que pensar que abandonei os 20 é triste, sabe? Pô, 30 anos e o que ganhei? Um recém-adquirido vício em chocolate que na certa vai me trazer alguns quilos de rebarba. Tá certo que 30 anos é tendência (menos aqui em Londres, aqui tendência é ter 23 com cara de 30) e tudo vai ficar mais fácil ano que vem.
É só porque eu realmente não achava que esse dia ia chegar, sabe? Igual eu achava que nunca lavaria um banheiro na vida. Meus sonhos foram pelo ralo. Confesso que prefiro envelhecer à lavar privada, mesmo que seja a minha. É só porque me acostumei a ser sempre a mais nova dos meus amigos e de repente eu também fiquei mais velha, e as colegas do curso acham bizarro eu ter 30 anos porque elas têm 23 (como eu disse, é tendência).
Enfim, tudo isso porque paniquei, vi minha primeira ruga dando sinais bem no meio das minhas sobrancelhas, onde eu curto franzir o cenho. Nem isso mais eu posso fazer, franzir o cenho, à fim de evitar que a ruga fique mais profunda. Como vou fazer minha clássica expressão de emburradinha da estrela? Ou como fazer ares de desdém levantando uma sobrancelha só?
Tá vendo? São infinitas as questões que cercam os 30 anos. Tô arrasada
Bom, basta dizer que não casei, não tenho filhos e no momento vendo maquiagem numa loja de departamento. Claro, claro (antes que me joguem pedras), eu estou em Londres cursando a pós-graduação de jornalismo de moda e comportamento mais foda do mundo. Eu sei...
Mas é que pensar que abandonei os 20 é triste, sabe? Pô, 30 anos e o que ganhei? Um recém-adquirido vício em chocolate que na certa vai me trazer alguns quilos de rebarba. Tá certo que 30 anos é tendência (menos aqui em Londres, aqui tendência é ter 23 com cara de 30) e tudo vai ficar mais fácil ano que vem.
É só porque eu realmente não achava que esse dia ia chegar, sabe? Igual eu achava que nunca lavaria um banheiro na vida. Meus sonhos foram pelo ralo. Confesso que prefiro envelhecer à lavar privada, mesmo que seja a minha. É só porque me acostumei a ser sempre a mais nova dos meus amigos e de repente eu também fiquei mais velha, e as colegas do curso acham bizarro eu ter 30 anos porque elas têm 23 (como eu disse, é tendência).
Enfim, tudo isso porque paniquei, vi minha primeira ruga dando sinais bem no meio das minhas sobrancelhas, onde eu curto franzir o cenho. Nem isso mais eu posso fazer, franzir o cenho, à fim de evitar que a ruga fique mais profunda. Como vou fazer minha clássica expressão de emburradinha da estrela? Ou como fazer ares de desdém levantando uma sobrancelha só?
Tá vendo? São infinitas as questões que cercam os 30 anos. Tô arrasada
domingo, 10 de abril de 2011
Sobre a night e seus estranhos frequentadores
Das coisas que mais me impressionam aqui é o nível do povo depois de algumas pints. O povo não bebe para se divertir, bebe para ficar na sarjeta. Os indícios são claros, sábado e domingo de manhã é comum ver poças de vômito nas calçadas (sério, nunca tinha visto com tanta frequência até chegar aqui) e garrafas de vodka (ou sei lá o quê) vazias abandonadas pelas ruas. Aí claro, temos o advento do night bus, já amplamente debatido no blog e, finalmente os homens (e mulheres, muitas mulheres) em seu estado bruto.
Ir à um club londrino é testemunhar a degradação do ser humano. Não é que eu não beba, não me entenda mal, mas ficar daquele jeito eu não fico, não. Os homens ficam uber loucos para criar coragem e chegar nas mulheres e as mulheres ficam super loucas para perderem o jeitão vassoura no cu das inglesas. Aí bem bem, é um tal de tirar a roupa, mostrar peito, cair no chão (várias vezes) de perna aberta. O horror, o horror. Juro que nunca vi disso no Rio (assim, com essa frequência). Aí, claro, os homens ficam com medo e ninguém pega ninguém. Depois, sóbrias, elas se reunem e reclamam que homem é foda, que não pegam ninguém, que a night é o maior zero a zero. Poxa, amiga, perde menos a linha aê que pode ser que role um papo. Outra coisa que ajudaria é não cheirar tanto pó. Impressionante a capacidade nasal desse povo. Toda a noite funciona na base do padê e eu, que bebo só umas humildes latas de cerveja, óbvio, fico entendiada com tantos gritinhos estridentes e pessoas loucas do lado.
Aliás, o tom de voz da inglesas é um capítulo à parte. cara, só vozinha fininha e um jeitinho muito bizarro de dizer "hello" ou "byyyye" (assim meio arrastado) que parece muito que elas estão te zoando. Demorei para entender que era só o jeito do povo de falar. Chaaaaaaaaaaaaato. Ok, eu tenho pinimba, mas vai aturar uma louca berrando do seu lado, pagando mico doidona ameaçando tirar a roupa...
terça-feira, 5 de abril de 2011
A difícil arte da convivência
Tava agora no metrô voltando para casa depois de umas pints bem felizinha da vida e, de pé, tava olhando um cara, árabe, cortando as unhas sentado. Daí tava pensando, "caralho, neguinho é foda aqui, muito nojento, né? Cortar as unhas assim, na frente de geral, no metrô, porra, espera chegar em casa"
Ia perdida nesses pensamentos anti-semitas quando um maluco atrás de mim cospe no chão. É, no chão do vagão do metrô! Eu dei um passo à frente, de nojo, e vem um cara, sentado meio que na minha diagonal, levanta, cola o rosto com o maluco do cuspe "did you just spit on the floor?". Caraca, deu gosto. Torci para um barraco, para começar a galera do deixa disso, mas nem rolou. Mas o cara continuou gritando "don't spit on the floor, man!"e gritou alto mais umas vezes na cara do árabe e - acho que deu uns empurrões - e voltou para o lugar. Eu, que estava meio de costas, curti horrores. Fosse no Brasil ia puxar assunto com a velhinha mais próxima e mandar "é, mesmo, tá certo"essa coisa que todo velho gosta de falar na fila quando os outros já compram a briga.
Mas pô, o ingles tava certo. Na boa, eu devo estar ficando meio racista desde que vim morar aqui, mas é foda. Quando tem gente fazendo merda, é sempre imigrante. Joga lixo na rua, cospe no chão, fala merda, emporcalha as paradas. Eu, fosse o inglês ia ficar puto também. Quer vir morar aqui, vem, mas respeita, né?
Eu moro em Mile End, que ao mesmo tempo que é um bairro árabe, dominado pelos muçulmanos (aqui os ingleses se referem a eles como asians. No Brasil asians é oriental, mas enfim) e ao mesmo tempo é um bairro cockney, do proletariado roots londrino, com aquele sotaque forte. Daí imagina: os cockneys são putos porque os imigrantes roubaram os empregos dele, mas ao mesmo tempo, os imigrantes dominaram o o bairro, mas ao mesmo tempo a juventude hipster escolheu o East End como o lugar dos descolados. Ou seja, moro numa guerra civil, numa miscelânia de informação onde todos convivem bem até alguém cuspir no chão.
Porque na verdade ninguém se ama nessa merda. Meu vizinho, que é muçulmano, passa na porta na frente da mulher e do filho e nem segura a porta para eles. Acho escroto. Ao mesmo tempo ele deve achar que eu sou uma puta porque não uso véu e chego em casa bêbada... e a vida segue assim. Até alguém cuspir no chão.
Ia perdida nesses pensamentos anti-semitas quando um maluco atrás de mim cospe no chão. É, no chão do vagão do metrô! Eu dei um passo à frente, de nojo, e vem um cara, sentado meio que na minha diagonal, levanta, cola o rosto com o maluco do cuspe "did you just spit on the floor?". Caraca, deu gosto. Torci para um barraco, para começar a galera do deixa disso, mas nem rolou. Mas o cara continuou gritando "don't spit on the floor, man!"e gritou alto mais umas vezes na cara do árabe e - acho que deu uns empurrões - e voltou para o lugar. Eu, que estava meio de costas, curti horrores. Fosse no Brasil ia puxar assunto com a velhinha mais próxima e mandar "é, mesmo, tá certo"essa coisa que todo velho gosta de falar na fila quando os outros já compram a briga.
Mas pô, o ingles tava certo. Na boa, eu devo estar ficando meio racista desde que vim morar aqui, mas é foda. Quando tem gente fazendo merda, é sempre imigrante. Joga lixo na rua, cospe no chão, fala merda, emporcalha as paradas. Eu, fosse o inglês ia ficar puto também. Quer vir morar aqui, vem, mas respeita, né?
Eu moro em Mile End, que ao mesmo tempo que é um bairro árabe, dominado pelos muçulmanos (aqui os ingleses se referem a eles como asians. No Brasil asians é oriental, mas enfim) e ao mesmo tempo é um bairro cockney, do proletariado roots londrino, com aquele sotaque forte. Daí imagina: os cockneys são putos porque os imigrantes roubaram os empregos dele, mas ao mesmo tempo, os imigrantes dominaram o o bairro, mas ao mesmo tempo a juventude hipster escolheu o East End como o lugar dos descolados. Ou seja, moro numa guerra civil, numa miscelânia de informação onde todos convivem bem até alguém cuspir no chão.
Porque na verdade ninguém se ama nessa merda. Meu vizinho, que é muçulmano, passa na porta na frente da mulher e do filho e nem segura a porta para eles. Acho escroto. Ao mesmo tempo ele deve achar que eu sou uma puta porque não uso véu e chego em casa bêbada... e a vida segue assim. Até alguém cuspir no chão.
As colhega tudo
O maior problema do meu curso são as alunas. É total pré-conceito, mas como curtir uma turma só de mulheres onde sou a mais velha e a única que não tem o inglês como língua nativa? Veja bem, não estou falando do curso em si, que é ótimo, me refiro às colhega tudo.
Num universo de 14 meninas (nenhum homem, nem um gay sequer) entre 21 e 23 anos o que você encontra? Uma cambada de histéricas. Preguiiiiça... Eu com meu jeitinho também não ajudo, eu sei. Mas como arrumar paciência para uma guria que cai em prantos na sala porque é a única que ainda não tem a pauta para matéria dela? Cê jura, né?
Isso me lembra quando comecei no Dia, tinha 23 anos e era uma idiota. Chorava porque não sabia escrever, entrava em pânico em reunião de pauta (hummm, pensando bem durou até bastante isso, hehehe), portanto eu entendo o drama da garota, mas pôxa, é uma pós-graduação, não é vida real, entende? Não é como se não fosse sair jornal no dia seguinte porque ela não achou um tema brilhante. Mas enfim, como todo mundo foi lá passar a mão na cabeça da garota ("oh darling, don't be sad, you'll make it") e já tava todo mundo me achando a escrotinha do camping porque eu não achava aquilo um big deal, fui lá ter com a moça.
Fofamente cheguei perto dela e falei basicamente que ela poderia escrever sobre o que ela quisesse, que essa era a beleza do jornalismo, o importante era como ela escrevia (isso é minha opinião, tá? Eu realmente acho isso, mas também queria fazer ela se sentir mais confiante) e que, fala sério, se ela achava que alguém ali era muito genial?
Esse último comentário não foi bem recebido pelas outras colegas, até porque estava claro que eu me achava genial, hehehe. Não é isso, não me acho fodona, mas cara, de alguma coisa deve servir esses anos a mais que tenho, né?
Enfim, daí passou. Uns dias depois, estávamos na aula e a professora começou a explicar como funcionava esse lance de off com as fontes aqui na Inglaterra e disse que não existe off. Se o cara fala com você sabendo que você é jornalista, então é on. Eu discordei e disse que "de onde eu venho" não é assim, não, e tals. E começou uma discussão saudável. Afinal, eu vim aqui para isso, né? Me conta como funciona aqui nas Inglaterras que eu te conto como é lá em casa e assim vai.
Menina... Pra quê?!. No fim da aula as colhega tudo ouriçada me cercando dizendo que eu era muito bélica, que tinha BRIGADO com a professora. Ai gente, na buena!!!!!!!!!!!! Não é de babar de preguiça?! Fiquei sem o menor saco de explicar que aquilo era um bate-papo, uma troca de ideias e tals, e falei que no Brasil a gente era assim mesmo e foi mal aí qualquer coisa, mas acho que vocês se impressionam por muito pouco. Olhos arregalados e minha cara, impassível, blasé. Acho até que falei isso enquanto tragava meu cigarro, bem francesa.
Eu fico abismada que ali é um dos melhores cursos de jornalismo de moda e lifestyle do mundo e o povo se comporta como se tivesse no colégio. Aí claro, elas adoram zoar meu jeito e ficam rindo quando falo umas paradas erradas, mas aí, na boa? Num guentam 10 minutos de porrada comigo lá fora.
Num universo de 14 meninas (nenhum homem, nem um gay sequer) entre 21 e 23 anos o que você encontra? Uma cambada de histéricas. Preguiiiiça... Eu com meu jeitinho também não ajudo, eu sei. Mas como arrumar paciência para uma guria que cai em prantos na sala porque é a única que ainda não tem a pauta para matéria dela? Cê jura, né?
Isso me lembra quando comecei no Dia, tinha 23 anos e era uma idiota. Chorava porque não sabia escrever, entrava em pânico em reunião de pauta (hummm, pensando bem durou até bastante isso, hehehe), portanto eu entendo o drama da garota, mas pôxa, é uma pós-graduação, não é vida real, entende? Não é como se não fosse sair jornal no dia seguinte porque ela não achou um tema brilhante. Mas enfim, como todo mundo foi lá passar a mão na cabeça da garota ("oh darling, don't be sad, you'll make it") e já tava todo mundo me achando a escrotinha do camping porque eu não achava aquilo um big deal, fui lá ter com a moça.
Fofamente cheguei perto dela e falei basicamente que ela poderia escrever sobre o que ela quisesse, que essa era a beleza do jornalismo, o importante era como ela escrevia (isso é minha opinião, tá? Eu realmente acho isso, mas também queria fazer ela se sentir mais confiante) e que, fala sério, se ela achava que alguém ali era muito genial?
Esse último comentário não foi bem recebido pelas outras colegas, até porque estava claro que eu me achava genial, hehehe. Não é isso, não me acho fodona, mas cara, de alguma coisa deve servir esses anos a mais que tenho, né?
Enfim, daí passou. Uns dias depois, estávamos na aula e a professora começou a explicar como funcionava esse lance de off com as fontes aqui na Inglaterra e disse que não existe off. Se o cara fala com você sabendo que você é jornalista, então é on. Eu discordei e disse que "de onde eu venho" não é assim, não, e tals. E começou uma discussão saudável. Afinal, eu vim aqui para isso, né? Me conta como funciona aqui nas Inglaterras que eu te conto como é lá em casa e assim vai.
Menina... Pra quê?!. No fim da aula as colhega tudo ouriçada me cercando dizendo que eu era muito bélica, que tinha BRIGADO com a professora. Ai gente, na buena!!!!!!!!!!!! Não é de babar de preguiça?! Fiquei sem o menor saco de explicar que aquilo era um bate-papo, uma troca de ideias e tals, e falei que no Brasil a gente era assim mesmo e foi mal aí qualquer coisa, mas acho que vocês se impressionam por muito pouco. Olhos arregalados e minha cara, impassível, blasé. Acho até que falei isso enquanto tragava meu cigarro, bem francesa.
Eu fico abismada que ali é um dos melhores cursos de jornalismo de moda e lifestyle do mundo e o povo se comporta como se tivesse no colégio. Aí claro, elas adoram zoar meu jeito e ficam rindo quando falo umas paradas erradas, mas aí, na boa? Num guentam 10 minutos de porrada comigo lá fora.
sábado, 2 de abril de 2011
Semaninha....
Parece mentira que depois de 9 noites mendigando sofás alheios eu finalmente me mudei. E foi bastante irônico que isso tenha acontecido no dia 1 de abril. Minha nova casa fica em Mile End, East London, então já posso dizer que sou hipster.
Eu moro com uma estudante de medicina (acho q ela se formou essa semana e vai começar residência agora) e um menino estudante de alguma coisa que eu não sei, visto que ele tb se mudou ontem e não nos cruzamos ainda. Os dois são ingleses, então vai ser bom para perder o sotaque italiano que adquiri nos últimos meses.
Essa última semana foi a mais difícil aqui, pior do que quando sobrevivi com os 50 centavos. Porque eu continuo na merda de dinheiro (uma vez que só recebo dia 11 e não tenho dinheiro para viver até lá), estava com uma TPM que nunca vi nada parecido, mudando de casa em casa carregando mochila nas costas, dormindo uma média de 5h por noite e tendo que me concentrar fazendo trabalho da pós. Foda.
Assim que cheguei na casa nova constatei o óbvio: preciso comprar roupa de cama, travesseiro, uma cadeira e um abajur. Ou seja, assim que cheguei tive de sair para procurar os cacarecos e lá se foram meus últimos pounds. Achei auspicioso que a dona do apt (a tal estudante) me recebeu com um bloody mary "I don't know if you like it, but I really need one of this". Bring it on, baby. Realmente, alcool parecia a resposta para tudo naquele momento. Era beber ou sentar e chorar pensando em como dar conta de tudo.
Ainda tenho um trabalho para entregar, um essay sobre o mercado de revistas masculinas brasileiro. Ai, cê jura? Na terça, quando estiver tudo certo, serei outra pessoa. E no dia 11, quando receber, outra ainda mais feliz. Por enquanto tá foda, mas pelo menos a primavera chegou mesmo e a gente não congela mais na rua.
Eu moro com uma estudante de medicina (acho q ela se formou essa semana e vai começar residência agora) e um menino estudante de alguma coisa que eu não sei, visto que ele tb se mudou ontem e não nos cruzamos ainda. Os dois são ingleses, então vai ser bom para perder o sotaque italiano que adquiri nos últimos meses.
Essa última semana foi a mais difícil aqui, pior do que quando sobrevivi com os 50 centavos. Porque eu continuo na merda de dinheiro (uma vez que só recebo dia 11 e não tenho dinheiro para viver até lá), estava com uma TPM que nunca vi nada parecido, mudando de casa em casa carregando mochila nas costas, dormindo uma média de 5h por noite e tendo que me concentrar fazendo trabalho da pós. Foda.
Assim que cheguei na casa nova constatei o óbvio: preciso comprar roupa de cama, travesseiro, uma cadeira e um abajur. Ou seja, assim que cheguei tive de sair para procurar os cacarecos e lá se foram meus últimos pounds. Achei auspicioso que a dona do apt (a tal estudante) me recebeu com um bloody mary "I don't know if you like it, but I really need one of this". Bring it on, baby. Realmente, alcool parecia a resposta para tudo naquele momento. Era beber ou sentar e chorar pensando em como dar conta de tudo.
Ainda tenho um trabalho para entregar, um essay sobre o mercado de revistas masculinas brasileiro. Ai, cê jura? Na terça, quando estiver tudo certo, serei outra pessoa. E no dia 11, quando receber, outra ainda mais feliz. Por enquanto tá foda, mas pelo menos a primavera chegou mesmo e a gente não congela mais na rua.
Assinar:
Postagens (Atom)