sábado, 24 de setembro de 2011

Eu e as vans

Desde que as vans existem e foram legalizadas, ou simplesmente aceitas, eu as olho com desprezo. Maldizia todas e as culpava por todos os problemas de trânsito da cidade. Mas a vida nos prega peças e acabei indo trabalhar na Torre do Rio Sul, e quem mora no Humaitá sabe o quão difícil é ir daqui para lá de ônibus. Só existe uma linha que faça esse trajeto e é simplesmente a pior linha do mundo que pertence à companhia mais tosca de todas: o 592. Ou cinco never dois, como também é conhecido.

Viver à mercê do 592 é sentir na pele o horror. Quando eles passam (na mesma frequência do cometa Halley) dá até medo de entrar: é sujo, barulhento, caindo aos pedaços e infestado de baratas. Outro dia entrei em um que nem a frente do volante tinha. Uma vergonha.

Daí, meus amigos, que no segundo dia de sirviço catei uma van.

No começo eu não curti, não. Tava um calor do capeta, o ar não dava conta, as janelas mal abriam, o "cobrador" ia dependurado com a porta aberta gritando busca de passageiros, tava cheio de gente, apertado e tinha uma mini tv com Ana Maria Braga dando receitas aos berros. Foi tenso. Senti muita pena de mim e muita raiva de não ser rica.

A experiência seguinte foi pior, a van quebrou no meio da São Clemente, às 20h, e o motorista mandou todo mundo descer para empurrar. Visualize essa cena, por favor. Eu tive um ataque histérico de riso. Tava demais para um dia só.

Mas como eu sou brasileira e não desisto nunca (e também sou pobre sem grana para andar de taxi), perseverei e na última sexta-feira me peguei num papo animado com dois passageiros, o "cobrador" e o motorista. O motorista era evangélico, ouvia Aline Barros nas alturas (descobri que essa moça é tipo a Ivete Sangalo do Senhor) e era pai do "cobrador". Eles eram fofos, ajudavam as velinhas a subirem na van e faziam toda uma logística para tentar acomodar todo mundo sentado. Fofos.

Agora meio que me apeguei às vans, sabe? Outro dia mesmo tinha até um 592 dando bobeira ali na porta do shopping, mas preferi esperar as vans. Acho que dentro de pouco tempo vou garrar amizade com os pessoal que pega e larga do sirviço na mesma hora que eu e iremos todos enfrentar os intermináveis engarrafamentos dividindo nossas vidas e nos aconselhando.

Prometo mantê-los informados

2 comentários:

patricia m. disse...

Eh engracado. Eu tb morei em Londres, so que por 4 longos (longuiiiiissimos) anos. Por 2 anos pegava o mesmo bat-bumba no mesmo bat-local no mesmo bat-horario para ir de casa ao trabalho. Sabia de cor onde cada coleguinha do bumba descia, hehe. Mas nunca conversavamos - vc sabe bem como eh em Londres.

Apenas uma vez, quando nevou feio em 2009, foi que eu e um garoto conversamos, porque obviamente o bumba estava atrasado. Hahahaha. Mas foram 2 frases trocadas e nada mais. Eh...

Margo disse...

KKKK (só rindo, mesmo!) Que vidinha nada fácil, né? Vc continua impagável. Que bom que vc é brasileira e não desiste nunca.Pq aqui, "life ain´t easy man". Tô contigo.Força na peruca!