Outro dia estava, mais uma vez, metida na eterna discussão, Rio X Londres. Esse assunto por si só é uma bobagem, pois não existe comparar as duas cidades. Claro que Londres é incrível e você está no centro do mundo, e tudo (teoricamente) funciona como deveria e o Rio por sua vez é corrupto, violento e muito caro (às vezes mais caro que aqui). Mas isso é chutar cachorro morto.
O sujeito em questão era um amigo de amigo que, cheio de ódio no coração, jurava que para o Rio ele não voltava mesmo, só para visita e olhe lá. Estávamos no parque na ocasião, fazia o maior calor e tudo que eu queria era um mate com biscoito Globo. Aí comecei a lembrar coisas assim que fazem o Rio ser o Rio: cachoeira, mate, biscoito Globo, Ipanema, baixo Gávea, toda a orla da cidade. E ele me solta uma: “mas você não conta, você odeia Londres”. Epa, peraí, oi? Desculpa, mas passei essa impressão? Malzaê, não odeio, não. Existe uma grande diferença entre odiar uma coisa e preferir outra, e foi isso que tentei explicar ao sujeito. Não é que eu odeie Londres, só prefiro o Rio. Ainda que aqui fizesse uma temperatura média de 25C, ainda que meus amigos e família estivessem aqui, ainda que fosse fácil ser jornalista em outro país, ainda assim eu preferiria o Rio. E não é que não enxergue os problemas da cidade, só que não sou deslumbrada a ponto de achar que Londres é o borogodó do universo.
Ele ia dizendo: “no Rio não existe vida cultural”. Discordo, pode não ser como aqui, mas que hay, hay. E outra, acho que se todo mundo que sai da cidade para viver uma experiência na Europa voltasse e aplicasse um pouco do viu e vivenciou por aqui na nossa cidade a gente poderia melhorar esse cenário, não? Acho meio babaca e preguiçoso simplesmente lavar as mãos e sair fora e abandonar o Rio. Bora tentar fazer algo diferente, cuidar mais da cidade talvez.
Daí continuava: “O Rio é violento e todo mundo vive uma paranóia coletiva com medo”. Desculpa, mas aqui também. O medo do terrorismo é muito maior aqui do que no Rio. A paranóia inglesa é de longe muito mais chocante. E o engraçado é que, de fato o Rio é muito mais violento, temos muito mais mortes e assaltos do que aqui, mas, ainda assim, o povo aqui vive na eterna histeria.
“O Rio está caro”. Muito, estou até com medo de voltar, mas aqui também não é barato, fato.
“O sistema de transporte não funciona”. Não, é um absurdo. Vou sentir muita saudade disso.
Mas fazer o quê? Ainda não inventaram nenhum lugar melhor.
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